quinta-feira, 18 de junho de 2009

Regresso

 
Notícia:

Lamentavelmente foi decidida ontem pelo Supremo Tribunal Federal o STF a não obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício do jornalismo. Por oito votos a um o pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e pelo Ministério Público Federal (MPF) foi atendido. Dentre os argumentos apresentados sobre a  a obrigatoriedade do diploma, está um trecho da constituição de 1988 que preza pela "liberdade de expressão e a liberdade de pensamento". O Ministro do STF Gilmar Mendes comparou o exercício do jornalismo com as atividades gastronômicas. "Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área." Já a advogada da Sertesp Taís Gasparian argumentou que a exigência do diploma para a profissão é inconstitucional por não exigir dos cidadãos uma formação acadêmica aprofundada. “O jornalismo é uma profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo de conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade. A obtenção dessas medidas não ocorre nos bancos de uma faculdade de jornalismo”. O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo afirmou que não vai recorrer da decisão, pois, um recurso frente a uma decisão de um órgão supremo não reverteria o quadro desfavorável à classe. Ainda de acordo com Murillo, os 40 anos de jornalismo no Brasil sofreram um duro golpe.

Minha opinião:

Ontem, depois de acompanhar pelos telejornais a cobertura de tal julgamento, entrei na internet e encontrei a seguinte frase recém postada por minha amiga e jornalista Rafaela Freitas: " O meu diploma está a venda." Fiquei muito triste e revoltada, até queria escrever no blog, mas, acho que cuspiria morimbondos além da conta. Bom, eu e mais milhares de colegas recém - formados nos dedicamos durante quatro, cinco anos em busca de um sonho. Não aquele sonho cor - de - rosa de mudar o mundo, mas, de através da regulamentação (mais do que necessária) da profissão de comunicadores sociais apresentar ao mundo (mesmo que de maneira limitada) os defeitos e as maravilhas da vida em sociedade, e, através delas provocar a conscientização (principal ingrediente para mudanças). Todo jornalista faz parte da construção da opinião pública, e, para que isso aconteça é necessário que haja a veiculação obrigatória e responsável de informação.  Aos senhores ministros que decidiram pela extinção do diploma de jornalista que usaram dentre outros argumentos que o jornalismo não pode prejudicar a vida de um cidadão ou uma instituição, volto ao clichê das salas de aula de comunicação e lhes apresento um epsiódio bastante conhecido: o caso da Escola Base, onde alguns veículos de comunicação embarcaram irresponsavelmente nas declarações sensacionalistas do delegado Eldécio Lemos e acusou injustamente o casal Ichshiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, os funcionários do casal Maurício e Paula Monteiro de Alvarenga e dois pais de alunos (Saulo da Costa Nunes e Mara Cristina França) de abusar sexualmente de crianças em 1994. Nesse caso, jornalistas profissionais e empresas de comunicação irresponsáveis não realizaram seu trabalho de forma devida. Em busca de vendas, furos e audiência publicaram a torto e direito inúmeras acusações. Resumo da ópera: o inquérito policial foi ARQUIVADO POR FALTA DE PROVAS. Porém, a vida dessas seis pessoas nunca mais foi a mesma Agora faço uma pergunta: Se um grupo de jornalistas profissionais que não apuraram de maneira correta as informações (erro gravíssimo) destruíram a vida de seis cidadões inocentes. O que um pseudo - jornalista com apenas "domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo de conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade", não pode fazer? O conhecimento acadêmico, mais do que necessário para a formação profissional é fundamental para que um jornalista entre no mercado de trabalho com o mínimo de habilidade ética para lidar com coberturas delicadas e informações fortes. A indústria da notícia como qualquer empresa visa o lucro financeiro. O jornalismo é sim um trabalho como outro qualquer, mas, nós temos em nossas mãos informações que podem e muitas vezes prejudicam a moral e conduta de cidadãos. Minha sugestão aos senhores ministros do Supremo Tribunal Federal é que a próxima entrevista coletiva da instituição seja feita por cidadãos comuns com alguns desses requistos apresentados pela advogada Taís Gasparian. Talvez a visão dela e dos senhores mude.  A desregulamentação do jornalismo prejudica não só a disseminação de informações como também embola o meio de campo para a inserção no mercado de trabalho. Como ficará a questão dos concursos públicos? Será que os cargos de assessores de imprensa serão apenas nomeados por cargos de confiança? Nepotismo?  O que me deixa mais triste é que essa decisão tão anti-cidadania foi fruto de uma ação movida por uma entidade que deveria defender a classe com unhas e dentes.
Com profundo pesar,
Viviane Rocha - Jornalista
Mais informações clique aqui e aqui.
Caso da Escola Base:


Vìdeo II



Depois de escrever e postar com tanta raiva, vi que passaram alguns erros de gramática e pontuação que já foram corrigidos. Me perdoem!
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4 comentários:

Anônimo disse...

Eu acompanhei ontem nos jornais. Aff.. lamentável. Se fosse assim, nem eu precisaria de diploma pra dar aula... Bastaria abrir a boca e impressionar com meu vasto vocabulário e pronto: mostraria-me digna de dar aulas de português e inglês. Coisa mais absurda.
E que blog é aquele q vc deixou o link no outro post? Senhoooorrr... q horror!
Beijo, querida.

Wanessa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Wanessa disse...

Ei Vivi!!! Putz, amiga!!! Quem diria que a nossa geração iria viver pra ver isso, hein? Também tô mega revoltada! Te vejo na faculdade de aquacultura? Hahahaha
Me conta o que vc fez, sua doida!!! Me manda por e-mail ou me liga. Vamos marcar outra tarde de bate-papo? Tenho news, mas não posso escrever. Tenho diploma!hhahaha

Saudades!!!
Bjs

Vivi Rocha disse...

Ai, fazer o que? Estou revoltada, já mandei um e-mail bem desaforado para o STF. Infelizmente estava no nosso caminho essa sacanagem!