Já pensou nisso?

Tô super emocionada de verdade com o especial do dia dos namorados. Tem alguns posts atrasados, mas, amanhã tudo estará dentro do prazo. Bom, estou muito feliz com todos os meus colaboradores. Mas, juro que nunca pensei que conseguiria publicar aqui um texto de um dos meus blogueiros preferidos. Fausto Salvadori Filho é quem fica por trás do balcão lá no Boteco Sujo. Fausto é jornalista dos bons e talvez o tarado mais inteligente que já vi (Não que eu tenha visto outros, nem quero). O Boteco fala escancaradamente de sexo e pornografia, só que, de uma forma totalmente original e poética. Não vou me alongar, divirtam -se com o texto dele.

Como não viver um Dia dos Namorados

Por Fausto Salvadori Filho

Para viver um grande Dia dos Namorados, comece escolhendo um Presente. É o que ela espera de você. Ou, pelo menos, é o que todos esperam que você faça, inclusive ela. Não importa o quanto vocês gostem de repetir um para o outro como o que vocês têm é especial e único. É 12 de junho, e é hora de celebrar igual a todo mundo.

Corra para enfrentar cotovelos, filas, falsos descontos, pisadas no pé e resmungos mal humorados. Tanto faz se você escolheu a 25 de Março ou o Shopping Iguatemi. Em busca do tal Presente, enfrentará uma multidão de enamorados cumprindo à risca o plano de buscar um artefato capaz de demonstrar como suas amadas são únicas e diferentes de todas as outras.

Escolhido o tal presente, é hora de planejar a Noite. Comece escolhendo um Restaurante Bacana. Quando o dia acaba, faz frio e, bem lá no fundo, o que vocês queriam de verdade era ficar em casa, de pijamas e chinelos, abraçadinhos no sofá comendo pipoca e vendo “Lost”? Não importa. É Dia dos Namorados: não é o que o mundo espera que vocês façam. Você tem a obrigação de sair e ir ao Restaurante Bacana, mesmo que esteja lotado de casais buscando tornar suas noites especiais. Mesmo que leve horas enquanto centenas de pessoas aguardam na fila pelo lugar na Mesa que nunca aparece. Mesmo que os casais esfomeados comecem a encarar uns aos outros com olhos insanos ameaçando aderir ao canibalismo como solução para espera.

Depois, a Noite no Motel. Nem pense em não trepar essa noite. Vocês estão obrigados a fazer sexo hoje. Talvez não haja muito clima, já que ficar preso num engarrafamento na porta do motel não é lá muito excitante. É bem provável que, depois de um Dia Maravilhoso, você esteja cansado e sem vontade nem de sentir o cheiro de uma boceta. De novo: não importa. É o Dia dos Namorados. Não é um dia que você ou sua mina tenham escolhido para ser especial. É um dia que escolheram por vocês, e estão obrigados a honrá-lo. Então, porra, têm que trepar! Mesmo que a transa saia uma merda, no final das contas.


O Dia dos Namorados e sua felicidade obrigatória. É como o Natal e a necessidade de dizer a um monte de idiotas que você os ama, para poder odiá-los sem culpa pelos outros 364 dias do ano. Como receber um “Parabéns” no dia do seu aniversário. Parabéns pelo quê? Entendo alguém dizer: “Parabéns, você publicou um belo livro”. “Parabéns, você comeu a Hale Berry“. Mas parabéns por ter vivido mais um ano? Qualquer idiota faz isso, sem precisar de muito esforço.

Para viver um grande Dia dos Namorados, esqueça 12 de junho. Para viver um grande Dia dos Namorados, vá além de um dia. Viva vários Dias dos Namorados, sem ficar preso a datas propagandeadas pelos comerciais do Itaú. Dê um presente num dia qualquer, sem qualquer motivo que não seja o de arrancar um sorriso daquela louca que, sabe-se lá por quê, escolheu se apaixonar por você. Transe com ela sem qualquer planejamento nem preparação, na cozinha, mesmo, no meio da tarde, só porque ficaram com vontade. Recite um verso de Vinicius numa hora qualquer do dia, só porque o jeito como o sol a abraçou na hora em que ela abriu a janela o fez lembrar de como essa mulher é linda. Quem sabe assim, esquecendo dessa merda chamada Dia dos Namorados, você consiga viver um belo e intenso Ano dos Namorados.
Muito obrigada Fausto!

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